Por. Dr. Dartagnan L. Costa (ver currículo)
A ideia aqui proposta no texto é uma reflexão sobre a importância da realização do bom trabalho. Mesmo que o título aponte para o trabalho jurídico, o mesmo é aplicável a todo o trabalho humano lícito.
A força advinda da espiritualidade decorrente dos ensinamentos e exemplos trazidos pelas mãos do saudoso São Josemaria Escrivá demonstram que o ser humano é capaz de buscar a santidade, como caminho, através da realização do seu ofício.
A santificação do trabalho é tornar santa a atividade realizada pela pessoa, sendo um ato de amor a Deus, devendo o mesmo ser realizado com a maior perfeição possível, haja vista que o ato de trabalhar, além de engrandecer a pessoa, é uma forma de união com o Cristo Jesus.
Com a santificação do trabalho, deve o cristão buscar santificar-se no mesmo. Além da realização com a perfeição que se espera no viés do serviço à Deus, o ato da oração e a prática das virtudes, com as tarefas do dia-a-dia, perfazem o caminho para tal intentona. O jurista que acredita que deve sempre realizar o esforço para seu cliente, mas que deposita mais trabalho, mais estudo, mais dedicação, além de estar representando os interesses do seu cliente, esta se fortificando na construção da sua santidade. O esforço visto como sacrífico pessoal, e, a busca pela identificação com o Cristo, é entendido na realização do bom trabalho, aquele dedicado, que é capaz de empreender ao extremo de nossas forças em prol de um objetivo, corroborando como uma pequena parte da penitencia necessária para se colocarmos próximos a Paixão de Nosso Senhor.
Como consequência da santificação do trabalho e a própria busca pela santificação da pessoa, a consequência é a geração de um ambiente de que o trabalho realizado funcione como instrumento de santificação também dos demais. “Um bom indício da retidão de intenção, com a qual deveis realizar vosso trabalho profissional, é precisamente o modo como aproveitais as relações sociais ou de amizade, que nascem ao desempenhar a profissão, para aproximar de Deus essas almas” (São Josemaria Escrivá, Carta, 15.10.1948, n. 18, citado por Mons. Javier Echevarría, Carta Pastoral, 2.10.2011, n. 34). O trabalho dedicado e cristão gera frutos por onde é visto.
O trabalho é instrumento de santificação e apostolado. É um dos meios do cristão em procurar realizar a obra de Deus, haja vista que a perfectibilização humana da santidade, nos moldes vislumbrados no Cristo, jamais será atingido na terra, mas será uma consequência a ser reconhecida na espiritualidade.
Então, dentro desta visão, ainda mais que o profissional do direito é alguém que, em regra, lida com interesses de outras pessoas, é fundamental que entenda a relevância que possui diante das expectativas das mesmas e perante a própria visão de Deus. É lógico que ninguém está fadado a satisfazer expectativas que não sejam amiúde viáveis legalmente, mas cabe ao jurista, dentro da sua visão metafisica da responsabilidade com Deus, procurar esmerar-se ao máximo no intuito de garantir o resguardo jurídico da causa trazida. Não só pelo cliente, mas pela própria santificação da tarefa.
É dever do profissional a atuação detalhada, atualizada e comprometida. Não só pela confiança depositada, mas pela própria expressão do que é a santificação que tal intentona denota. A procuração é, muitas vezes, uma carta que o profissional do direito tem de seu cliente para poder melhorar-se, ao estudar o caso em concreto, as anuancias e perspectivas que advém pelo caso. O profissional da advocacia deve entender que, além do dinheiro dos honorários, a possibilidade de atuar, de forma cristã, em um processo, com todo o esmero, é um ato de amor.
Desta forma, uma vez que o jurista cristão tem em mente a busca pela santificação do seu trabalho, ele tem claro que sua atuação não é simplesmente de consequências terrenas, mas de uma forma importante de apostolado e aproximação com Deus.
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